PIOR DOR DO MUNDO

Neuralgia do trigêmeo: entenda a doença da jovem brasileira que busca eutanásia

Brasileira começou uma vaquinha online para financiar sua eutanásia fora do país, onde é permitido o procedimento

Hanna Carvalho
Repórter do EM OFF

Uma brasileira de 27 anos está desesperada após 11 anos de tratamento ineficazes devido a uma batalha contra a “pior dor do mundo”. Carolina Arruda Leite, sofre de uma condição conhecida pela literatura médica como neuralgia do trigêmeo. Atualmente, ela busca dar um ponto final em sua dor na Suíça e com isso iniciou uma vaquinha online para financiar sua eutanásia.

No país europeu o procedimento é legalizado, o que facilita tudo para a brasileira. Em momentos de crise, Caroline Carolina sente dores tão intensas que chega a vomitar. A estudante de veterinária declarou já ter tentado vários tratamentos, incluindo quatro cirurgias e diversos tipos de medicamentos, mas, até hoje, não encontrou alívio para as suas dores.

“A dor é tão intensa que torna impossível realizar tarefas diárias simples, manter relacionamentos ou mesmo encontrar prazer em atividades que antes eram parte da minha rotina. Cada dia é uma batalha constante e exaustiva. A esperança de uma vida sem dor tem se tornado cada vez mais distante, e a qualidade de vida, praticamente inexistente”, afirma a jovem, na campanha de financiamento que lançou.

Brasil

No Brasil, por exemplo, a eutanásia é considerada crime. Porém, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM, resoluções n. 1.805/06 e n. 1.995/2012), permite-se a ortotanásia como forma de garantir mais autonomia para os sujeitos que se encontram na fase final de suas vidas, com isso surge a oferta de cuidados paliativos, desde que com consentimento do paciente ou seu representante legal. Outros países como Suíça, Holanda, Bélgica e Alemanha, além de alguns estados do Canadá e dos Estados Unidos, permitem o procedimento.

O que é a neuralgia do trigêmeo?

A neuralgia do trigêmeo provoca uma dor facial intensa devido à disfunção do nervo trigêmeo. O nervo transporta informação sensitiva desde o rosto até o cérebro e controla os músculos envolvidos na mastigação. A síndrome é caracterizada por intensas dores no rosto semelhantes a um choque elétrico ou pontadas de facas. Geralmente ocorre apenas em uma região do rosto em um dos lados e é bastante confundida com dores de origem dentária.

A dor pode aparecer espontaneamente, mas, muitas vezes, é desencadeada quando se toca num ponto específico da face, dos lábios ou da língua ou por atividades como escovar os dentes ou mastigar. É descrita como a “pior dor do mundo”, pois ocorre em uma região muito sensível e extremamente enervada. Além disso, causa profundo sofrimento no paciente e faz com que a pessoa tenha que parar tudo o que está fazendo por causa de sua intensidade.

“Essa dor é uma das mais fortes que conseguimos experimentar. Ela pode ocorrer por vários motivos, especialmente devido a compressão vascular do nervo dentro do crânio”, explica a especialista em dor Cristina Flávia, da Clínica AcolheDOR, em Brasília. No caso de Carolina, ela tem o problema dos dois lados do rosto.

Como é feito o diagnóstico?

Embora não existam exames específicos para identificar a doença, a dor característica ajuda o médico a estabelecer o diagnóstico, que é baseado nos sintomas. Alguns critérios clínicos são analisados:

  • Dor restrita ao território de uma ou mais divisões do nervo trigêmio;
  • Surtos súbitos de dor, muito intensos e de curta duração (entre 1 segundo e 2 minutos, mas geralmente alguns poucos segundos) e descritos como um “choque” ou uma “sensação elétrica”;
  • Dor desencadeada por estímulos ou toques na face ou na boca e dentes.

Esse tipo de dor em choque que ocorre após um “gatilho” e é relatada por até 99% dos pacientes.

Qual o tratamento?

De forma geral, os medicamentos mais utilizados e mais eficazes para o tratamento são os anticonvulsivantes. Se os episódios de dor forem frequentes e intensos, os médicos podem usar um bloqueio nervoso para o alívio temporário até que o medicamento administrado por via oral tenha efeito.

Em alguns casos também é possível realizar uma cirurgia. Quando a causa é uma artéria situada numa posição incorreta, o cirurgião separa essa artéria do nervo e coloca uma pequena esponja entre eles. Este procedimento (chamado descompressão vascular) geralmente alivia a dor por muitos anos.

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