ExclusivoLéo Áquila recorda infância difícil e internação do marido em entrevista

Jornalista e apresentadora conversou com Bruno Di Simone para o seu talkshow

Fábia Oliveira
Colunista do EM OFF

O youtuber Bruno Di Simone recebeu, em seu canal, a jornalista e apresentadora Léo Áquila. O bate-papo foi repleto de recordações, emoção e informação sobre a causa LGBTQIA+. Logo de cara, o Bruno falou com Léo sobre mudar a mentalidade das pessoas e acabar com o preconceito.

“A gente precisa entender que está no mesmo barco, não tem diferença. A gente não ia precisar de bandeira, trans, LGBT, se nós entendêssemos que somos uma coisa só. Eu sonho com isso. Então, eu acredito que um dia, porque eu sou otimista com o ser humano, a gente vai alcançar isso. A gente precisa de gente que acredite nisso, cada vez mais. Só assim a gente vai conseguir causar uma transformação”, declarou a jornalista.

E, falando em orientação sexual, Léo Áquila lembrou a infância difícil no Capão Redondo, em São Paulo. O local, de acordo com a apresentadora, já era muito violento quando era criança. Por isso, a mãe tentava de toda forma proteger os filhos, o que não impediu que seu irmão fosse assassinado com 9 tiros, na porta de casa. “Eu, que sempre pulava corpos para ir para a escola, para ir na padaria, que era muito comum, um dia esse corpo era o do meu irmão. Então, eu fui vítima dessa violência”.

Além da violência constante, a jornalista contou que sofreu muito bullying na escola e tinha medo até de ir ao banheiro. Foi assim que decidiu que tinha que se mudar de lá assim que pudesse. “Saí do Capão Redondo porque fiquei com medo de que a próxima vítima fosse eu, porque era um bairro muito preconceituoso e fiquei com receio. Eu estava ali, muito afeminado, desde criança sofrendo aquelas mazelas, aqueles preconceitos, aquelas piadinhas, a chacota do bairro, a chacota da escola. Eu não conseguia passar de ano, avançar na série, porque eu não conseguia estudar, estava sendo massacrada por todo mundo”, lembrou.

Sem saber o que fazer para tentar se entender, Léo Áquila disse que buscou a religião. Porém, não conseguiu o apoio que precisava. “E aí, você vai pedir socorro pra quem? Pra igreja, pra Deus, lugar de amor. Você acha que deu certo? Não deu, porque quando eu fui para o único lugar que poderia me falar de amor e dar uma boa referência do que eu era, eu só era julgada, eu era uma aberração, eu ia pro inferno, eu não tinha o amor de Deus, eu não seria contemplada por esse amor. Então, aquilo ficou muito pesado pra mim”.

Ao recordar o dia em que assumiu para a família que era gay, a jornalista contou mais um caso de violência que sofreu: um apedrejamento no bairro onde morava. “Me assumi gay aos 18 anos porque me vi forçada a me assumir, para justificar um apedrejamento. Eu fui apedrejada no Capão Redondo, apedrejada real, não é força de expressão. Mas eu não tenho coitadismo, eu tô contando a minha história. Cheguei em casa muito machucada e como eu ia justificar aquilo para os meus pais? Naquele dia eu resolvi que precisava tomar uma posição e me assumi, homossexual primeiro”, revelou.

Antes mesmo de se descobrir trans, Léo Áquila fazia apresentações como transformista e, assim, participou ‘Show de Calouros’, do Silvio Santos, em 1993. Em sua primeira apresentação vestida como mulher, foi vencedora, mas afirmou que não tinha noção do que isso representava para ela. “Na época, era o concurso que todos os transformistas do Brasil mais desejavam ganhar. Porque quem ganhava virava uma celebridade no meio da comunidade LGBT. E eu que ganhei, só que não tinha noção da grandiosidade daquilo, quanto aquilo era desejado pelos transformistas e drag queens da época. Eu não era do meio ainda, eu estava me assumindo”, detalhou.

Foi somente na faculdade de jornalismo que Léo Áquila se descobriu uma mulher trans. E o estalo veio através de um trabalho acadêmico. “O tema do meu trabalho era ‘travestis e transexuais no mercado formal de trabalho’. Nas primeiras páginas eu tinha que explicar, da maneira mais científica possível, o que era uma travesti, o que era uma trans. Aí, eu tive que ler a respeito e descobri o Brasil, né? Quando eu pensava numa trans, eu pensava nelas e não em mim. Mas quando eu li aqueles livros, cada livro que eu lia, eu falava, ‘meu Deus, eu sou exatamente isso aqui que esse cara tá falando’. Então eu descobri que era uma mulher trans”, afirmou.

Após sofrer um acidente de moto e ainda se recuperando, Léo Áquila entrou na fazenda e estava ainda muito fragilizada. Ela lembra que, ao sair, já conheceu o marido, Chico Campadello e, logo depois, lembra o susto que teve com o problema de saúde do amado. “Saí de lá [‘A Fazenda’] e conheci o Chico logo depois. Quando eu estava prestes a casar, o Chico teve uma embolia pulmonar, que evoluiu para uma doença chamada Sara, que é a Síndrome Aguda Respiratória, porque ele teve o pulmão 100% comprometido. O médico me disse que eu devia ser muito forte que ele não ia sobreviver”, recordou.

A entrevista completa vai ao ar no canal do youtuber Bruno di Simone, nesta sexta-feira (2), às 11 horas.

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