Desabafo!

Naldo Benny se emociona ao lembrar do assassinato do irmão

Lula fazia dupla com o cantor quando foi morto e carbonizado, em 2008

Fábia Oliveira
Colunista do EM OFF

Perder um ente querido é sempre um momento muito difícil na vida de qualquer um, principalmente se essa pessoa foi assassinada. Durante um papo com Rogério Vilela no podcast ‘Inteligência Ltda.’, nesta quarta-feira (22), Naldo Benny abriu seu coração e lembrou da perda de Lula, seu irmão, com quem tinha uma dupla ‘Naldo & Lula’. Ele deu detalhes sobre o crime e revelou como se sentiu após a tragédia.

Antes de entrar no assunto delicado, Naldo contou como ele e o irmão ganharam os apelidos, dados carinhosamente pela mãe: “Com sete anos de idade eu fui pra Vila do Pinheiro. Nós somos em oito filhos, eu sou o mais velho dos homens. E o Lula que eu tenho tatuado aqui é o meu irmão, Lula, não é nada a ver com política. Ele era Jorge Luiz e eu sou Ronaldo Jorge. Minha mãe chamava a gente de Naldo e de Lula. Esse nome veio pr conta da minha mãe, só ela chamava a gente assim”, lembrou ele, antes de continuar:

“Na minha área, na minha favela, se você chegar lá e falar assim: ‘onde morava o Naldo?’. Aí, todo mundo vai dizer assim: ‘onde morava o Ronaldo?’. Eu não tenho apelido. Na minha família, na minha rua, na minha escola, não existe apelido. Naldo, o Naldo Benny. Não, é Ronaldo. Pra todo mundo que são mais próximos de mim é Ronaldo. Minha mãe passou a chamar assim dentro de casa, era só dentro de casa. Nego de fora eu não sabia. Minha mãe falava: ‘Lula, Lulinha. Naldo, vem cá Naldo’. Aí virou ‘Naldo & Lula’. Logicamente, por uma sequência de nomes, William & Duda, Claudinho & Bochecha. Essa fonética”.

Em seguida, Naldo recordou a morte de Lula: “Perdi meu irmão, infelizmente, assassinado em 2008. Sofri muito. Foi f*da pra mim porque minha vida foi ao zero. Hoje eu consigo falar disso com um pouco mais de tranquilidade. É f*da pra car*lho falar disso. Ele era meu melhor amigo, era o cara que escrevia a música comigo, eu era o defensor dele. E nesse momento eu não consegui defendê-lo, né?”, desabafou ele.

E deu mais detalhes sobre o crime: “Eu encontrei meu irmão dois dias depois no IML carbonizado. A gente já tinha feito ‘Faustão’, tinha batido o primeiro lugar no Brasil com a música ‘Como Mágica’, tinha gravado um DVD do Marlboro com a música ‘Tá Surdo’, DVD da Furacão 200 com a música ‘É Só me chamar que eu vou’. No Rio de Janeiro a gente já estava forte pra caramba. A gente era uma das duplas, assim, que todo mundo sabia que ia explodir muito”, afirmou.

E voltou a falar da perda do parceiro: “E, aí, quando meu irmão faleceu, acabou pra mim o mundo ‘O que eu faço? Aí, eu tinha só uma saída, como aconteceram algumas vezes já na minha vida, ou tu encara o monstro ou tu pede pra sair. E eu nunca pedi pra sair, sempre encarei. Então, quando nego me zoa no meme, eu falo: ‘Vão se f*der todos vocês. Olha o que eu passei, olha de onde eu vim'”, disparou.

Naldo contou, ainda, que começou a trabalhar cedo e encarou muitos perigos: “Eu fui engraxate no Largo da Carioca com 9 anos de idade. Eu encarava p*ta, bandido, 171, pivete, com 9 anos de idade. É um meme que vai me botar pra baixo? P*u no c* deles. Não vai. Um meme? Eu falei ‘demorou’. ‘Ah, é mentira, é mentira’. Fiquei p*to no momento, depois eu falei: ‘ah, é? Demorou, compadre, valeu, fala que é mentira aí'”.

O apresentador, então, voltou ao assunto da morte de Lula e quis saber como foi a recuperação de Naldo: “Eu levei quase um ano pra pisar num palco de novo. O flyer não existia mais. Era Naldo e Lula, tinha que cortar a foto. Pô, você imagina isso: corta a foto. Só que tu cortar a foto por uma judaria, é f*da. A nossa carreira tava começando a fluir. Eu busquei a força na dança, que eu tinha combinado com o meu irmão um dia antes. Fui pra ‘Intrépida Trupe’, fui treinar movimento acrobático, fui pra dança”, declarou.

No fim, ele fez um balanço dos seus sucessos após a perda: “Em 2009, com ‘Na Veia’ eu ganhei o Brasil; 2010, ‘Chantilly’; 2011, ‘Exagerado’. Aí, 2011 eu falei: ‘agora eu vou fazer um DVD e eu não volto nunca mais, não tem não tem mais voltar, não tem regressão’. E, daí pra frente, foi só alegria. E, assim, a minha carreira veio acontecendo”.