ExclusivoMc Trans detona pastor André Valadão: “Lúcifer disfarçado”

O cantor gospel e líder da Igreja Batista da Lagoinha já incitou morte de pessoas LGBT+

Gabriel Sorrentino
Colunista do EM OFF

Recentemente, André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, privou seu perfil oficial no Instagram. O pastor, que na rede social possui mais de 5,7 milhões de seguidores, chegou a publicar um vídeo para explicar o motivo da mudança nas configurações de privacidade do aplicativo. “Tem gente curiosa demais, muita gente enxerida demais, aí fechei um pouquinho a conta. Fica aqui quem está comigo, quem quer me seguir, mesmo. Ver meus conteúdos aqui, todo dia“, disse o irmão de Ana Paula Valadão após ser questionado por um seguidor na plataforma de Marck Zuckerberg.

Frequentemente envolvido em polêmicas, o evangélico é protagonista de vídeos que circulam na internet onde incita ódio a pessoas LGBTQIAP+. Aliás, em um deles, André Valadão chega sugerir que fieis matem membros dessa comunidade. Mc Trans, participante confirmada na primeira Marcha Para Exu’, diz que André Valadão ‘tem síndrome de Deus’. “Uma pessoa que brinca com nome de Deus, que ataca pessoas que não estão fazendo nada pra ele, é uma pessoa ruim, que realmente nasceu pra ser vilão. E o pior de tudo, é um lobo na pele de cordeiro. Falso profeta. O 666. Para mim, ele é Lúcifer disfarçado“, dispara Mc Trans.

Mc Trans rasga o verbo

Em conversa com a coluna Gabriel Sorrentino – EM OFF, Mc Trans falou sobre as polêmicas em torno do nome do compositor gospel. Para a funkeira, as falas de André Valadão são um perigo para a sociedade. “Ele incita e ensina a nos agredirem, até a nos matarem. A gente está no país que mais mata LGBTQIAP+ no mundo“, afirma a candomblecista, que continua: “Ele é a uma explicação sobre o ditado que ‘o mal não está na religião, está na pessoa’. É aquela velha história, pessoal fala ‘Ah, mas quem é do Candomblé, da Umbanda faz feitiço, faz maldade, quem é da igreja não faz’. Não. A maldade está dentro da pessoa“.

Sem papas na língua, Mc Trans ainda compara as experiências religiosas. “Se você sai da sua casa e vai até um terreiro e procura acender uma vela para Exu ou Pombagira pedindo mal do outro, é você que está pedindo isso. Então, esse mal está dentro de você“, argumenta a influenciadora. “Se você é da igreja e age como André Valadão, age como um capitão do mato. Ou mais covarde ainda… Como os antigos ‘senhorzinhos’, que tinham seus capangas. Porque ele mesmo não tem coragem, e fica ordenando que os outros cometam homofobia, transfobia, LGBTfobia, intolerância religiosa“, acrescenta.

Exército de André Valadão?

Ao contrário de inúmeras personalidades públicas, que reagem ao “cancelamento” recuando e pedindo desculpas, André Valadão insiste em seus posicionamentos homofóbicos. Para Mc Trans, o pastor continua proferindo falas polêmicas com um objetivo pensado. “Por mais que doa no bolso dele ou por mais que as falas dele não representem Deus, nem o Cristianismo, nem a igreja, ele dá engajamento“, opina. Em seguida, ela continua: “E também porque é uma estratégia de filtrar pessoas como ele, todas as pessoas que são preconceituosas, racistas, homofóbicas, transfóbicas e usam Deus como escudo e disfarce do preconceito“.

Ainda falando sobre os admiradores de André Valadão, Mc Trans acrescenta: “Aliás, essas pessoas acabam apoiando essas atitudes dele, com isso, ele consegue montar um exército contra nós, de pessoas tão escrotas e sem escrúpulos como ele”. Depois, a funkeira ainda desabafa. “Até o Papa já disse que pessoas trans são amadas por Deus. Também sou contra as pessoas generalizarem atitudes como as desse babaca. Ele é um falso messias, somente isso“.

Supostas relações expostas

Ao ser questionada sobre as supostas relações de André Valadão com mulheres trans e homens gays que foram expostas, Mc Trans foi incisiva. “Eu sou contra você expor a relação de alguém, seja ela qual for. Independentemente de qualquer coisa, cada um tem seu direito de ter suas intimidades reservadas“. Contudo, no caso do cantor gospel, o pensamento da candomblecista é diferente. “No caso dele, acho é pouco [ser exposto]. Ficou bem nítido que o ataque dele maior é por um tesão encubado“, conclui.

André Valadão se pronuncia

Em nota enviada à coluna Gabriel Sorrentino – EM OFF, a equipe jurídica de André Valadão rebateu as falas de Mc Trans. Segundo o comunicado, “em momento algum, o pastor André Valadão insinuou que os membros da comunidade LGBTQIA+ devam ser alvos de violência por parte dos fiéis. Seu sermão foi exclusivamente dirigido aos seguidores, inserido em contexto estritamente religioso, sem qualquer intenção de incitar qualquer ato criminoso“. Além disso, segundo a defesa do líder religioso, “a Igreja da Lagoinha acolhe todos com amor e respeito. Incluindo LGBTQIA+, presidiários e pessoas marginalizadas, sempre considerando e respeitando suas histórias individuais“.

Em seguida, a nota resgata uma fala de Mc Trans em entrevista à coluna. “A afirmação de que o religioso tem ‘síndrome de Deus’ ou que ele é ‘uma pessoa que brinca com nome de Deus’ não apenas subestima a profundidade da fé como perde de vista a verdadeira natureza de sua devoção, enraizada em valores profundos e na busca sincera por Deus”. Depois, a equipe volta a falar sobre as acusações de que André Valadão teria incitado ódio a pessoas LGBTQIAPN+: “A liberdade de expressão durante cultos religiosos é um direito legítimo, que abrange a pregação sobre temas sensíveis à sociedade, independentemente de serem favoráveis ou contrários a determinadas questões“.

Para garantir que os sermões do pastor sejam entendidos em seu real contexto, é necessário evitar interpretações deturpadas, respeitando o princípio da liberdade religiosa e assegurando a importância do acolhimento e respeito a todos os seres humanos. Independentemente de suas características ou crenças“, conclui, portanto, o comunicado de André Valadão.

Tem fofoca pra me contar? Mande para coluna.gabrielsorrentino@gmail.com