Repórter esportivo

Bruno Laurence fala sobre demissão da Globo e faz revelação sobre bastidores

Ainda na entrevista, o repórter revelou que passou por um assalto brutal enquanto estava indo para a Globo

Hanna Haika
Repórter do EM OFF

O repórter esportivo Bruno Laurence participou do podcast “Tomando uma com…” e comentou pela primeira vez sobre sua demissão da TV Globo, em novembro de 2016, após 15 anos de casa. O jornalista trabalhava para a emissora desde 2003, revezando-se com o SporTV até 2005. A partir daí, passou a se dedicar apenas à Rede Globo, como parte do Globo Esporte. À época da demissão, ele enfrentava um turbilhão de negatividade na vida pessoal.

Bruno Laurence pontuou que gostaria de ter pedido ajuda. “Depois de um tempo, eu refleti e entendi que eu realmente não estava numa fase legal na minha vida e a Globo não tem nada com isso. A Globo não tem que cuidar de mim. Eu tenho que cuidar de mim e render. Mas eu gostaria de ter pedido ajuda. Falar ‘pô, galera, não estou legal’”, disse. Ainda na entrevista, o repórter revelou que passou por um assalto brutal enquanto estava indo para a Globo.

Meu pai tinha morrido, eu tinha acabado de passar pela separação do meu primeiro casamento. Tive um assalto pesado em que fui reconhecido como alguém da Globo e, por isso, eles discutiam se iam me matar ou não enquanto me batiam, e eu estava indo trabalhar no momento do assalto, era 31 de dezembro”, contou. “Eu achava ‘ah, é uma fase difícil, mas vai passar, vai passar’. E certamente eu não rendia o que já tinha rendido”, disse Bruno Laurence ao justificar sua demissão.

O jornalista relatou a maneira como foi demitido pelo chefe na redação. “Na quinta-feira, eu estava encerrando o ‘Jornal Nacional’, a última reportagem, e na segunda o cara falou que eu não era bom e me demitiu”, relatou. A justificativa para dispensá-lo disparou um gatilho mental nocivo. “Você se questiona: ‘acho que sou ruim mesmo’, ‘será que não sou ruim mesmo?’, ‘será que enganei durante tanto tempo?’, ‘será que escondi das pessoas que sou ruim e só agora descobriram?’”, perguntou.

Ainda na entrevista, Bruno Laurence admite a dificuldade de lidar com o momento conturbado que resultou no desligamento. “Talvez, hoje, eu tivesse pedido ajuda. Eu teria dito: ‘cara, minha vida está uma zona, velho. Não estou bem’. Teria pedido ajuda e eu não soube pedir essa ajuda. E eu não acredito que alguém tenha que perceber e te oferecer ajuda. Você tem que pedir ajuda”, afirmou. Ela ainda citou o caso do amigo Marco Aurélio Souza. O veterano repórter deixou a Globo em dezembro de 2022 após quase 20 anos na cobertura esportiva.

Marco Aurélio Souza foi diagnosticado com Síndrome de Burnout, caracterizada por extrema estafa profissional. “Ele travou, pediu ajuda e depois saiu”, contou. Bruno disse que chegava a trabalhar 12 horas por dia ao acompanhar o dia a dia do futebol. “Tinha um domingo de folga por mês”, revelou. Segundo ele, era comum sair da emissora às 6h da manhã após cobrir um jogo na noite anterior e ter de voltar à redação no início da tarde. O repórter afirma ter superado. “Não tenho raiva da pessoa (que o demitiu), mas não foi legal. E é do jogo”, concluiu.