Pesquisa

Estudo mostra impacto sobre fake news após exclusão de Trump e mais 70 mil contas do X

Trabalho publicado na revista Nature mostra resultado de pesquisa feita por sociólogos e cientistas da computação sobre desinformação eleitoral

Juarez Oliveira
Repórter do EM OFF

Um estudo publicado na revista científica Nature mostrou surpreendentes resultados sobre a propagação de fake news e desinformação eleitoral no X (antigo Twitter) em episódios antes de após a invasão do Capitólio, nos EUA, ocorrido em 2021. Em 6 de janeiro de 2021 manifestantes pró Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir que o congresso americano reconhecesse a vitória eleitoral de Joe Biden e tentar manter Trump na presidência.

Sociólogos e cientistas da computação analisaram dados em datas antes e após os episódios do Capitólio e observaram que a circulação de fake news e desinformação eleitoral caiu para menos da metade após a exclusão do perfil de Donald Trump e de mais 70 mil contas que agiam como replicadoras de informações falsas. Os pesquisadores analisaram uma amostragem de mais de 500 mil usuários do Twitter baseados nos EUA que postaram pelo menos um link com fake news durante as eleições de 2020 no país.

Os pesquisadores analisaram tuítes com links para conteúdos comprovadamente com fake news durante o período eleitoral americano, até o período posterior à posse do novo presidente, em fevereiro de 2021. O trabalho observou que 1.361 das contas monitoradas (cerca de 0,25%) estavam entre as que foram banidas do Twitter entre 8 e 12 de janeiro, após a invasão ao Capitólio. Esse pequeno grupo, era responsável por cerca de 4% do conteúdo e por incríveis 24% de toda a desinformação compartilhada dentro da amostra analisada pela pesquisa.

Após a remoção dessas contas cerca de 2 mil tuítes com links para informações falsas deixaram de circular. Entre o restante de usuários que não tinha sido banido, o número de tuítes com informações falsas caiu de quase 6 mil em 6 de janeiro, para cerca de 2 mil por dia, quando o estudo foi encerrado, em fevereiro.

Os cientistas afirmam que os números reais na queda de fake news são maiores, já que a amostragem em estudo foi de 500 mil contas e que o número de perfis da plataforma, em 2021, era de 65 milhões de usuários.

O estudo defende que os resultados são uma comprovação de que a suspensão de contas em redes sociais foi uma medida impactante no controle de disseminação de uma categoria de desinformação que teve consequências graves naquele ano. “Os resultados informam o registro histórico em torno da insurreição, um evento importante da História americana, e indicam a capacidade das plataformas de mídias sociais de controlar tanto a circulação de desinformação quanto, de forma mais geral, o discurso público”, escreveram os pesquisadores.