Uma operação da Polícia Militar, na comunidade Solar do Unhão, região da Gamboa, em Salvador, deixou três pessoas mortas, na madrugada desta terça-feira (1°) de Carnaval. A ocorrência foi destaque do “Jornal da Manhã”, telejornal apresentado por Ricardo Ishmael e Thaic Carvalho na TV Bahia, afiliada à Globo no estado. No entanto, a cobertura jornalística se tornou em um momento constrangedor após desempenho do repórter Lisboa Júnior.
O profissional enviado pela emissora à comunidade para contar detalhes da operação entrevistou moradores durante protesto em que acusam os agentes de violência gratuita. Na escalada do noticiário, o repórter da Globo relatou que civis criaram barricadas e colocaram contêineres espalhados em uma das principais vias do local, enquanto gritavam por justiça às vítimas.
O repórter da Globo questionou uma moradora sobre se ela teria presenciado a violência policial contra um adolescente de 15 anos. “Eu estava na hora que aconteceu tudo ali, eles pegaram o menino, certo que ele estava errado, mas a obrigação deles é prender e não matar. Eles executaram a criança, é um menino que a mãe vai perder e não vai ver mais”, desabafou a mulher.
Na sequência da entrevista, Lisboa Júnior perguntou a entrevistada se o jovem tinha envolvimento com alguma “coisa errada”. De imediato, ela deu uma resposta atravessada e rebateu o repórter pelo questionamento inapropriado. “Moço, não importa isso agora porque se eles [policiais] pegaram fazendo algum erro, a obrigação é levar preso, não matar à queima roupa. Eles atiraram”.
Apesar da situação vexatória, o repórter optou por ignorar a observação da mulher e seguiu a entrevista como se não tivesse acontecido. Durante o link no “Jornal da Manhã”, a entrevistada contou que agentes da Polícia Militar teriam executado três pessoas da comunidade e sumido com os corpo de duas delas. Ela relatou que chegou a ver polícias colocando os corpos embrulhados em um lençol dentro da viatura.
“Só apareceu um corpo, cadê outros outros dois onde eles botaram? A gente só quer uma solução, aí vem um policial de lá pra cá ameaçar uma criança de 15 anos, ele tem que honrar a farda que ele veste, ele tem que ser homem. Aqui não tem bicho não, aqui tem morador”, afirmou a mulher na afiliada à Globo.
Repórter da Globo
Em janeiro, Felipe Pereira, repórter da TV Subaé, afiliada à Globo em Feira de Santana, na Bahia, passou por uma saia junta durante um link no “Jornal da Manhã”. Isso porque, uma mulher revoltada com a falta de pagamento de um benefício pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) invadiu uma reportagem ao vivo e afirmou que estava passando fome. Ela pediu para ser ouvida pelo profissional.